Tomar decisões no âmbito da saúde não é uma tarefa fácil. Seja relacionado ao estabelecimento de diagnósticos ou indicações de tratamento, é algo que deve ocorrer de forma criteriosa, baseado em evidências científicas, garantindo assim a adoção de medidas mais efetivas e seguras para os pacientes e profissionais de saúde envolvidos.
Os protocolos médicos são documentos que tem a finalidade de nortear a tomada de decisão. Eles basicamente estabelecem os critérios para diagnóstico da doença, tratamento e outras especificações. Podem ser confeccionados de forma personalizada por cada instituição de saúde, pelo Ministério da Saúde para atendimento da rede pública ou por órgãos de saúde específicos, como Sociedade Brasileira de Cardiologia, por exemplo.
Sendo assim, podemos perceber que os protocolos clínicos são fundamentais e refletem a qualidade do atendimento nas instituições de saúde. Continue lendo e aprofunde o entendimento sobre a importância desses documentos.
Qual a importância de seguir os protocolos médicos?
Os protocolos existem para auxiliar as equipes nas tomadas de decisão, uniformizar condutas, contribuir com a segurança do paciente e, de forma indireta, reduzir custos nas instituições. É importante ressaltar que não se trata de engessar condutas técnicas, mas sim de norteá-las, a fim de que respeitem as evidências científicas de qualidade e também a individualidade do paciente.
Estabelecer e seguir os protocolos clínicos em uma instituição é uma tarefa árdua, pois comumente implicam em modificação de cultura no ambiente de trabalho, realizações de treinamentos e alteração de rotinas operacionais. Porém, segui-los de forma adequada apresenta muitas vantagens para o trabalho da equipe multiprofissional e pacientes.
Uniformidade de condutas e rapidez na tomada de decisão
Um documento que aborda a definição da doença, diagnóstico, tratamento e como monitorar esse paciente, baseados em evidências científicas de qualidade, padroniza o atendimento e aumenta a confiabilidade da equipe e instituição de saúde. Esse é um ponto importante, porque sabemos que são lugares nos quais há um rodízio grande de profissionais.
Dessa forma, a existência e seguimento do protocolo minimizam a possibilidade de adoção de condutas terapêuticas pouco conhecidas ou equivocadas, além de auxiliar a nivelar o atendimento, independente da experiência dos profissionais. Assim, há um ganho também na rapidez da tomada de decisão, pois a informação já está descrita no documento, sem necessidade de pesquisa adicional, nos casos mais clássicos.
É importante lembrar que, comumente, os protocolos médicos abordam diagnóstico e tratamento para os casos mais clássicos e, portanto, outras situações podem não estar contempladas em sua totalidade. Por exemplo, pacientes podem ter comorbidades ou alergias que contraindiquem o tratamento descrito.
Sempre que possível, é importante que o protocolo seja completo, abordando situações de saúde menos clássicas. Porque nem sempre podemos contar com isso, falamos em uniformidade e não engessamento de condutas, o que permite que os profissionais de saúde fiquem mais livres para atuarem também nesses casos específicos.
Segurança do paciente
Um protocolo bem desenhado conta com pesquisa científica ampla, realizada por vários profissionais, com destaque para as melhores evidências do momento sobre o tema em questão. Por si só, isso já contribui para a promoção da segurança do paciente, uma vez que demonstra que a instituição está preocupada em oferecer o atendimento mais racional aos seus usuários.
Para além disso, a uniformidade de condutas também é outro fator que agrega na segurança do paciente. Ter um documento como base significa que dificilmente serão adotadas condutas equivocadas ou conflitantes durante as trocas de profissionais, o que auxilia na programação de alta do paciente e sua segurança durante estadia na instituição.
Alguns protocolos contam com a definição exata do tratamento, destacando medicamentos, doses e formas de administrar. Ter essa informação reunida em um documento base previne muitos erros relacionados a medicamentos, seja por prescrição ou administração, contribuindo positivamente também para a segurança do paciente.
Outro ponto que também contribui é o destaque nos protocolos de como monitorar a efetividade do tratamento. Muitos profissionais não possuem esse conhecimento, o que pode causar confusão, erros ou atraso no atendimento. Ter essa informação confiável e disponível também é de vital importância para a segurança do paciente.
Redução de custos
Adotar protocolos médicos pode auxiliar na redução de custos devido vários fatores. Isso porque apresentar informação reunida reduz tempo de pesquisa em caso de falta de experiência com o assunto e otimiza a tomada de decisão. Isso poupa tempo dos profissionais, que podem se dedicar a outras atividades prioritárias.
As definições dos tratamentos contidas nos protocolos comumente trazem as opções mais efetivas. Adotar o tratamento mais efetivo evita desperdício de tempo e dinheiro, além de viabilizar alta do paciente no momento adequado.
Um tratamento inefetivo aumenta os gastos com o aumento da hospitalização, uma vez que não resolverá o problema de saúde no tempo previsto. Além disso, um medicamento escolhido de forma equivocada pode gerar eventos adversos, que por sua vez aumentam custos, por aumento do tempo de hospitalização e necessidade de tratamento.
Como são elaborados?
Inicialmente é identificada a necessidade de elaboração de um protocolo, conforme indicadores institucionais específicos ou surgimento de evidência atualizada sobre o assunto em questão.
Posteriormente é definida uma equipe multiprofissional, composta por especialistas para abordagem e pesquisa do assunto do protocolo clínico em questão. As pesquisas precisam ser realizadas de forma criteriosa, buscando as melhores evidências científicas disponíveis em bases de dados confiáveis.
Após elaboração, o documento passa por consenso dos especialistas e revisão por outros pares, para garantir que a pesquisa foi realizada de forma assertiva, para então ser publicado. Todo esse caminho demonstra o quão fundamentada é essa etapa, que é tão importante para a manutenção ou aprimoramento da qualidade assistencial da instituição.
Quais são os desafios em segui-los?
A implantação e o cumprimento dos protocolos clínicos se torna um desafio, principalmente se há grande mudança em relação às condutas comumente tomadas na instituição, anteriores ao protocolo. É importante que haja um extenso treinamento dos profissionais envolvidos, enfatizando a importância de seguir o documento e de realizar as modificações de rotina e cultura necessárias.
A mudança de cultura é talvez um dos maiores obstáculos para a implantação de um protocolo clínico. Comumente cada profissional tem uma bagagem de vida, uma experiência e costuma adotar suas próprias decisões. É necessário um esforço e planejamento das lideranças e colaboradores operacionais para a ocorrência efetiva da implantação do protocolo.
Apesar dessas dificuldades, é importante para a instituição considerar todos os benefícios da adoção de protocolos e investir nela, superando os desafios encontrados. Os protocolos médicos são grandes aliados para o aumento da qualidade assistencial, segurança do paciente e dos profissionais, além de redução de custos, demonstrando sua grande importância para instituições de saúde, como um todo.
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