A pandemia da COVID-19 tem deixado milhões de doentes e milhares de vítimas em todo o mundo. O momento exigiu uma nova ordem na sociedade, que passou a ficar em isolamento, e o sistema de saúde teve que se adaptar para conseguir atender a todos sem entrar em colapso. Diante desse cenário, o atendimento remoto ganhou destaque, sendo que telemedicina e coronavírus se tornaram os assuntos da vez.
A telemedicina é debatida há alguns anos, tendo sido regulamentada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) pela primeira vez em 2002. Desde então, surgiram muitas discussões éticas, que culminaram na proibição do atendimento médico à distância em 2019. No entanto, tudo mudou com a pandemia.
Com a nova situação e o isolamento social, o Ministério da Saúde reconheceu o teleatendimento como uma prática necessária. Mas você sabe, de fato, o que é a telemedicina? Neste post explicamos como ela funciona e pode ser usada para facilitar a relação médico-paciente no contexto do coronavírus. Confira!
O que é e como surgiu a telemedicina?
O conceito de telemedicina não é tão recente. Desde a década de 1950 já se fala em como a tecnologia pode facilitar o acesso à saúde em locais remotos. No entanto, nessa época eram usados sistemas de telefonia e a imagem de televisores. Essa prática teve início em Israel, se desenvolvendo ao longo dos anos nos Estados Unidos, no Canadá e na Europa.
Atualmente, a telemedicina pode ser entendida como um conjunto de tecnologias da informação e de telecomunicações usadas para conectar médicos, pacientes e outros profissionais da saúde. Assim, computadores, celulares e tablets são usados em videoconferências, reuniões ou mesmo em consulta com pessoas em diferentes lugares do mundo.
Nos últimos anos, tem se falado cada vez mais no assunto, devido ao desenvolvimento de tecnologias como a Inteligência Artificial e a Internet das Coisas (IoT), além dos dispositivos móveis. Com o fácil acesso à internet, a conexão entre as pessoas se tornou mais simples, com a troca de informações sendo feita de maneira mais prática e rápida.
O que diz a legislação sobre o atendimento à distância?
As discussões sobre o uso da telemedicina já duram alguns anos. Em 2002 o CFM aprovou a resolução nº 1.643 que permitia a emissão de laudos à distância, prática que já é bastante difundida no país. Em fevereiro de 2019 o conselho divulgou a resolução nº 2.227/18, que estenderia o uso para teleconsultas e telecirurgias. No entanto, a norma foi revogada em abril do mesmo ano, ficando o assunto pendente de novas avaliações.
Em março de 2020, com o coronavírus se alastrando pelo país, o CFM enviou um novo parecer ao Ministério da Saúde, em que recomendava o uso da telemedicina em caráter excepcional e temporário. A medida foi aprovada pelo Senado, permitindo que o atendimento à distância seja realizado enquanto durar a pandemia.
O objetivo é ajudar a conter a COVID-19, protegendo tanto os pacientes quanto os médicos de uma possível contaminação. O atendimento remoto passou a vigorar para casos assintomáticos ou quando os sintomas são brandos, não necessitando internação. Dessa forma, evita-se que a pessoa transmita o vírus para outras no deslocamento para os serviços de saúde, incluindo os profissionais da área.
Como a telemedicina tem ajudado durante a pandemia do coronavírus?
As lives e videoconferências são um fenômeno durante a pandemia em todos os setores e não seria diferente na área da saúde. De fato, as videochamadas são o principal elemento do atendimento à distância, conectando médicos a pacientes, colegas e outros profissionais de saúde. Neste contexto, o CFM reconhece as modalidades da telemedicina a seguir.
Telemonitoramento
Consiste no uso da videoconferência para o acompanhamento do estado do paciente. O médico pode entender o estado tanto do paciente sintomático quanto do assintomático. Em caso de suspeita de coronavírus, o médico pode verificar a evolução do quadro durante o período de isolamento, sem necessariamente estar presente.
Teleorientação
Neste caso, trata-se de um primeiro contato para orientar quanto à tomada de medicamentos que não precisem de receita e os hábitos que ajudem a melhorar os sintomas e a reduzir o contágio.
Teleconsulta
Esta já é entendida como uma consulta de fato, em que o médico pode fazer uma prescrição de tratamento, além de todas as orientações necessárias. Trata-se de uma alternativa interessante para evitar a propagação do vírus, uma vez que o isolamento social é recomendado. Ao mesmo tempo evita-se a automedicação e o não tratamento.
Teleinterconsulta
Esse é o meio pelo qual os médicos trocam informações entre si, seja para buscar mais informações sobre a doença, seja para obter uma segunda opinião em um caso mais complicado.
Teleperícia
Em casos mais graves e quando uma região não conta com a capacidade técnica necessária, a perícia e o diagnóstico podem ser realizados à distância, desde que acompanhados localmente por outros profissionais.
É importante destacar que em todos os casos, principalmente ao lidar com os pacientes, é necessário que haja uma infraestrutura mínima. É o caso de um termômetro para o monitoramento da temperatura, um aparelho para medir a pressão arterial, entre outros aparelhos.
Qual a expectativa em relação à telemedicina após à pandemia?
A questão é que as instituições e os profissionais de saúde não estavam totalmente preparadas para lidar com um contexto de teleatendimento. Muitos ainda estão se adaptando a essa nova realidade, buscando soluções para facilitar o uso da telemedicina. Um exemplo claro é a falta de tecnologias que facilitem a prescrição eletrônica remota. Sem contar as próprias limitações dos pacientes em ter acesso a algumas tecnologias.
Além disso, a telemedicina foi aprovada apenas em modo excepcional. A lei não regulamenta a prestação desse serviço em longo prazo. Portanto, não se sabe ainda como a tecnologia deve evoluir e prosseguir passada a pandemia de COVID-19.
No entanto, é inegável o quanto a realidade da área da saúde se transformou, com telemedicina e coronavírus se destacando como agentes disruptivos. Por isso, é bom ficar atento a tudo que ainda deve acontecer em um futuro próximo e se manter atualizado tanto sobre a pandemia quanto sobre as tecnologias que podem ajudar a combatê-la.
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